Foto/Samuel Paz/UCB Missão científica da Universidade Católica de Brasília alia pesquisa de ponta, preservação ambiental e cooperação intern...
Foto/Samuel Paz/UCB
Missão científica da Universidade Católica de Brasília alia pesquisa de ponta, preservação ambiental e cooperação internacional
Um grupo de pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB) embarca neste sábado (26), rumo à região da Lapônia, no extremo norte da Finlândia, para uma missão científica que promete avanços significativos nas áreas da saúde, agricultura e biotecnologia. O foco da viagem são as briófitas — pequenas plantas que prosperam em ambientes hostis como o Ártico e que podem conter compostos com propriedades medicinais e agrícolas inéditas.
A missão, intitulada Briotech, reúne dois professores e duas estudantes dos programas de pós-graduação da UCB em ciências genômicas, biotecnologia e gerontologia. A iniciativa é mais do que uma coleta de campo: ela representa um elo entre ciência de ponta e diplomacia ambiental, com potencial para posicionar o Brasil como protagonista em pesquisas polares.
Resistência que inspira inovação
As briófitas — grupo que inclui musgos, hepáticas e antóceros — são conhecidas por sua resiliência. Em regiões árticas, enfrentam frio extremo, escassez de nutrientes e meses de luz solar ininterrupta. Para sobreviver, produzem substâncias únicas que atraem a atenção de cientistas ao redor do mundo.
“Essas plantas desenvolveram mecanismos bioquímicos sofisticados que podem ser a chave para novos tratamentos contra o câncer, infecções resistentes e até mesmo para o aumento da produtividade agrícola”, explica o professor Stephan Machado Dohms, um dos líderes da missão.
Entre os alvos do estudo está a Sanionia uncinata, espécie já investigada por seu potencial farmacológico e sua possível aplicação na produção de biocombustíveis.
Da Lapônia para o Cerrado
As amostras coletadas na Finlândia serão trazidas para os laboratórios da UCB, onde serão cultivadas e analisadas. O objetivo é investigar os genes e compostos bioativos presentes nas plantas, com foco em sua aplicação em sistemas agrícolas brasileiros.
“A ideia é entender como as características dessas espécies podem ser adaptadas a culturas como milho, arroz e soja, melhorando a resistência a estresses climáticos e biológicos”, afirma o professor Marcelo Ramada, também coordenador da missão.
Com o avanço das mudanças climáticas, essa abordagem pode se tornar essencial para garantir a segurança alimentar em países tropicais.
Jovens cientistas em destaque
A equipe da UCB inclui ainda duas jovens pesquisadoras: Thaissa Mendes, 22 anos, estudante de farmácia, e Maria Karollina Gonçalves, 30, aluna de odontologia. Para elas, a viagem representa uma oportunidade única de aprendizado e contribuição à ciência global.
“A participação de estudantes nessa missão reforça o compromisso da UCB com a formação de profissionais capazes de atuar em contextos científicos internacionais e desafiadores”, destaca o reitor da universidade, em nota oficial.
Ciência e diplomacia
Durante a estadia na Finlândia, o grupo também fará uma visita oficial à Embaixada do Brasil em Helsinque, onde será recebido pelo embaixador Luís Balduíno. O encontro celebra a cooperação científica entre o Brasil e os países nórdicos e marca o fortalecimento das relações internacionais em torno da pesquisa ambiental.
Um Brasil que pesquisa o futuro
A expedição Briotech marca mais um passo da UCB no cenário internacional da ciência de fronteira, com foco em desafios urgentes e reais: doenças crônicas, mudanças climáticas e segurança alimentar.
Em tempos em que o conhecimento científico se torna cada vez mais estratégico, a missão da UCB ao Ártico simboliza não apenas uma jornada ao frio extremo, mas um passo quente em direção ao futuro.